:::: MENU ::::

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

"Viver um dia de cada vez"

Esse tem sido meu lema para o ano de 2015. Mas como fazer isso sem um planejamento? Sem promessas?

Comecei um ano diferente, com mudanças significativas que terão um grande peso mais lá na frente, se é positiva ou negativa, isso só o tempo poderá dizer!

Mas não é fácil viver um dia de cada vez, alguns dias são tão longos e outros tão rápidos quanto cometas. Alguns dizem que a vida é curta de mais pra perder tempo com coisas vãs, outros apenas deixam acontecer. Mas uma nuvem de incertezas pairam no céu sobre nossas cabeças.

Percorremos uma caminho muitas vezes desconhecido, cheios de espinho, de pedras; mas também, encontramos caminhos com flores, livre para caminhar. 

Será que o amor acabou?!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

créditos da foto: gestordemarketing.com
O ano de 2014 foi bastante conturbado para o povo brasileiro, isso porque os resultados esperados não foram tão satisfatórios para aqueles que os queriam.

Um ano que possivelmente vai ser esquecido (ou pelo menos tentar ser esquecido), pela maioria dos brasileiros. Protestos, passeatas, hipocrisia e muito blá blá blá.

O país que vinha se destacando no cenário econômico mundial, na melhoria da qualidade de vida de sua população, um governo que tirou milhões da situação de extrema pobreza. Tudo ou apenas isso deu espaço para os cenários de corrupção, de gastos em obras faraônicas, a derrota humilhante na copa do mundo, as eleições presidenciais de 2014, esses foram alguns episódios que mais foram noticiados nas mídias brasileiras e que ofuscaram muitos "sonhos".

Em meio a essa guerra midiática, o cidadão tapa os olhos, fala o que ouve e reproduz o que não vê!

O que chamo atenção são para as pessoas que transformaram as redes sociais em seus "psicólogos", seus "confessionários", e acabam por aderir as redes sociais como principal fonte de expressão de ideias e opiniões, de desabafos. No entanto, na prática, pouco se ver a criticidade dos cidadãos perante os fatos que vem se desencadeando no país. Em recente estudo realizado para uma disciplina, na qual estava participando, foi percebido, através de levantamentos de dados e realização de estimação pelo método econométrico que, a corrupção pouco influencia na decisão do cidadão na hora de votar em determinado candidato e que questões de cunho moral e religioso possuem mais influência do que a corrupção de modo geral. Isso quer dizer que, a maioria dos cidadãos dão pouca importância para temas ligados ao comportamento administrativo do que o comportamento político. Se, de fato, formos contabilizar aqueles cidadãos que não fecharam os olhos e perceberam a significativa mudança do país em poucos anos, veremos que realmente o país possui uma divisão não tão imaginária como foi noticiado em vários canais televisivos brasileiros. 

Mas o que me incomoda bastante é saber que num país tão rico em recursos naturais, tão diversificado culturalmente, com uma identidade latino-americana formada por diversos povos, ainda existam pessoas que, ao invés de colaborar para o crescimento da nação, são pedra no sapato e fazem de tudo para atacar o governo em vez de contribuir com suas ideias e ações.

Quero RESSALTAR que não estou defendendo nenhum tipo de governo, mas critico aquelas pessoas que não contribuem com nada - quando digo nada, me refiro a ações e ideias para melhoria da sociedade brasileira como um todo - apenas criticam que o governo não fez isso ou não faz aquilo, criticar não é ruim, mas críticas construtivas surtem mais efeitos positivos do que meramente criticar por dizer que não está bom. Somos cidadãos que podemos contribuir para a melhoria de qualidade de vida do povo brasileiro, não devemos ficar parados esperando que aquelas pessoas que colocamos lá no poder, decidam pela gente, não podemos deixar eles regerem nosso futuro. Finalizo este post com uma frase de Rosa Luxemburgo.

quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem...

segunda-feira, 22 de setembro de 2014


Resumo: Peronismo y Liberación Nacional 1945 – 1955 – Noberto Galasso, 2003


“El movimiento debe ser como un avión que sólo logra mantener el equilíbrio y avanzar, gracias a las alas contrapuestas”(GALASSO, 2003, p.13)

créditos da foto www.andrespallaro.com
Dificilmente alguém conseguiria agradar todo mundo em sua totalidade, nem o mais querido e amado entre todos conseguiria tal êxito. A influência que um indivíduo consegue exercer sobre os demais é notadamente explícito nas atitudes e no poder que detém em suas mãos, seus atos e ações se configuram em um meio legal para obter um direito em juízo a favor de si, de um grupo de pessoas ou de uma nação. Com Juan Domingo Perón não foi diferente, se por um lado foi criticado por pensadores liberais-conservadores, por outro, foi julgado pela esquerda tradicional sob o preceito do fascismo ou do nazismo.

            Não muito diferente dos episódios que protagonizaram a formação dos governos na América Latina, na Argentina o governo de Perón, que durou nove anos, de 1945 a 1955, foi marcado pela derrocada no golpe militar. Para Galasso (2003, p. 2) a situação de dependência da Argentina haveria de contribuir para o “êxito” do governo Perón, segundo ele “... si se parte de esta correcta caracterización de la Argentina agroexportadora, por cierto que resulta claro que el peronismo es un frente nacional, que quiebra esa dependencia.

            Na tentativa de definir a fundamentação do governo Perón, alguns intelectuais tentaram decifrar sua natureza histórica, sua maneira de governar; com quem e para quem; será que se caracterizaria como um governo fascista ou como um governo socialista? Galasso afirma que não se caracteriza nem por um e nem por outro, pois:
El fascismo es la ditadura de la clase dominante de los países capitalistas sin colonias, apoyada en grandes sectores de la clase media y ex-trabajadores lanzados a la desocupación, cuyo objetivo es liquidar la izquierda y consolidar el viejo orden a través de una política expansionista. (GALASSO, 2003, p.3)

Nesse sentido, a classe dominante era totalmente contra o governo de Perón e vários setores da classe média apoiavam o imperialismo, este por sua vez, era o principal inimigo de seu governo.
… el peronismo se manifiesta, desde su nacimiento, como la expresión política de una confluencia de sectores nacionales, entendiendo por tales aquellos sectores de la sociedad argentina que, em mayor o menor medida, resultaban sofocados por el viejo régimen agroexportador que conformaba una economía complementaria del imperialismo Brítanico. (GALLASO, 2003, p. 3)

            Diante dessa situação, a Argentina necessitava encontrar uma solução para sair deste sistema que sufocava cada vez mais sua economia, e viram no peronismo a porta de entrada para a construção de um novo modelo de desenvolvimento econômico e social e acabar de vez com a dependência da economia Argentina. Se conformou então uma frente antiimperialista que levou a cabo a ruptura da dependência entre Argentinos e ingleses. A liberação nacional, citada pelo autor, consistiu em sucessivas medidas que retomaram instituições que estavam sobre domínio do capital privado inglês, como a nacionalização do Banco Central, este por sua vez tinha papel fundamental no controle do cambio, da taxa de juros e da circulação de moedas; nacionalização dos depósitos da banca privada que entregou ao Banco Central o controle do crédito; a criação do Instituto Argentino de Promoción del Intercambio (IAPI) que significa o controle estatal do comércio exterior, Galasso (2003, p. 5). Além desses feitos ainda houve a nacionalização de ferrovias e de empresas de transporte automotor, recuperação e controle dos portos.

            Podemos dizer então que diferentemente do que ocorreu nos países do centro, a economia argentina desenvolveu-se graças a um capitalismo de Estado caracterizando-se por uma acumulação de capital que não se baseou fundamentalmente na superexploração da força de trabalho, mas que partiu da transferência de ingressos do setor agrário para o setor industrial.
Por esta razón, el movimiento nacional acaudillado por Perón debe llevarr a delante un proceso de desarrollo nacional-burgués com apenas el apoyo de algunos sectores de la burguesía nacional (Miranda y Gelbard fueron sus principales exponentes) y  esta circunstância determina el outro rasgo tan singular del peronismo: él que sustituye a la burguesía nacional em la conducción de este proyecto, tiene a la clase trabajadora como uno de sus principales baluartes, lo cual necesariamente mediatiza profundamente el carácter burgués del proceso, es decir, reconoce a los Obreros un rol que no habrían tenido seguramente en um proceso nacional burgués acaudillado por la burguesía. (GALASSO, 2003, p. 7)


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Seguindo a sessão de tutoriais, estou postando agora um vídeo-tutorial explicando como fazer o redirecionamento de e-mails do expresso para uma outra conta de e-mail.

Este vídeo é um complemento da postagem que havia realizado anteriormente sobre redirecionar e-mails do expresso . Qualquer dúvida sobre o redirecionamento, entre em contato conosco que tentaremos ajudá-lo (a) da melhor maneira possível.


quinta-feira, 20 de março de 2014

créditos da foto www.cachorromagro.wordpress.com
A mente humana, uma das maiores fábricas do mundo, senão a maior, é capaz de produzir milhares de sentimentos, sonhos, anseios e devaneios; dor, alegria, força, desejo, emoção; e ao mesmo tempo é capaz de produzir nada.

Repleta de um sistema complexo, de "fios interligados", de tubos, linhas entrelaçadas. De lá nascem sonhos, cada um com pequenos detalhes, cada um com suas diferenças, com seu grau de significância, outros cheios de detalhes complexos, mas todos são sonhos, sonhos sonhados ao seu modo, em seu devido espaço de tempo, dentro da mente de quem deseja-os.

Algumas vezes sonhos dolorosos, outras vezes cheios de gozo, algumas vezes sombrios, outras vezes esplêndidos ...

Ah!

Os sonhos!

A fábrica dos sonhos, que não se cansa de sonhá-los.

terça-feira, 11 de março de 2014

O despertador tocou às 06:30 da manhã como o programando, porém como de costume, Igor levantou às 07:10, seu corpo parecia ter um despertador próprio em que mesmo imerso aos sonhos mais profundos do subconsciente, algo externo parecia fazer com que ele acordasse. Certa vez Igor imaginou se tratar do espírito do avô que o acompanhava, mas logo essa ideia ridícula era posta abaixo, pois a racionalidade o impedia de crer em tais baboseiras.

Esta manhã nublada era especial, 23 de setembro, há exato 1 ano ele salvou sozinho mãe e filha de um agressor. Isso aconteceu quando ele estava indo para a igreja - era obrigado pela mãe a cumprir essa penitência aos domingos - quando se deparou com um homem tomando a mala de uma mulher e a agredindo, Igor não pensou duas vezes e partiu para cima do homem com um chute que faria qualquer brutamontes cair, em seguida ele gritou para as mulheres correrem as quais acataram tal ordem sem pensar duas vezes, os dois trocaram socos e pontapés, o velho tentou sacar um revolver, mas talvez pelo atordoamento da queda, acabou deixando-o cair, Igor nesse momento pelo medo da arma e a raiva que tomara seu corpo, as sensações se misturaram de uma forma em que tudo que ele pôde fazer foi pegar o revolver e arremessar o mais longe possível, então por cerca de 5 minutos os dois se digladiaram – Igor com uma certa vantagem, tendo em vista que o oponente padecia de gordice e falta de agilidade - tempo em que a polícia chegou com a mulher e a filha.

Depois disso a jovem moça chamada Esmeralda agradeceu a Igor e contou que se tratava de um assunto familiar e que seu pai ameaçara ela e a mãe de morte caso partissem. Igor estasiado pela beleza do olhar da jovem, por 30 segundos nem sequer sentiu as dores no peito e na cabeça dos três únicos socos em cheio que realmente tomou, apesar de que forçosamente ou não ele parecia muito mais ferido. Nesse dia o nosso herói se deixou levar pela falta de lógica, pela irracionalidade, o fantasioso que só o ser humano é capaz de criar, nesse dia Igor acreditou no destino, ela havia de ser especial e ele sabia que a partir desse momento os dois ficariam juntos. Bom, mesmo nunca tendo contado isso para Esmeralda, seria esperar demais que ele admitisse tal devaneio, foi por este motivo que Igor tentou e conseguiu o seu amor um dia depois. Agora lá estava ele , indo ao encontro dela, ao mesmo horário, um ano depois, para simplesmente celebrar algo que ele acredita no fundo de sua mente ou de sua alma se é que existe, se tratar de uma união do destino.

No caminho, duas quadras antes de chegar na casa dela, no mesmo local em que travou a suposta batalha de gladiadores, uma rua muito linda e arborizada, sem uma única casa próximo, só o asfalto, calçada e a copa das árvores, algo aconteceu, um homem “não pode ser” disse Igor, veio em sua direção que paralisado misturava cenas de um ano atrás com o momento atual, chegando a ouvir ele mesmo gritar para as duas mulheres correrem, em meio a essa mistura de flashes, o homem de aparência rude, meio gordo, talvez tivesse pouco mais que 50 anos, levantou e apontou a arma para Igor, disparando três vezes, dois tiros no peito e um na parte de trás da cabeça, Igor caiu mortalmente ferido e o homem fugiu sem sequer olhar para trás. A leve brisa gelada dessa primeira manhã de primavera, agora se misturava com o frio repentino e tensão do seu corpo. 

Então tudo veio à tona, como um turbilhão, um sopro de angustia e desespero que se apoderou do seu peito, todo aquele ano, a batalha vitoriosa, o seu amor, tudo isso fora fruto dos seus últimos minutos de vida. Igor agora em uma fagulha de lucidez observava que verdes eram os olhos dela, que lindos olhos, nunca vira nada igual, eram grandes, agressivos e no entanto estavam cheios de lagrimas e suplicas, ele nem sequer pôde perguntar seu nome, tudo que a jovem ouviu foi um leve sussurrar “verdes como a copa das árvores”. Uma lágrima correu seu olho esquerdo, não pela dor da morte, mas pela peça de mau gosto que sua própria mente criou na ânsia por viver alguns minutos a mais, ao longe, o som de um despertador toca...

Autor:  de Bruno Teylon

domingo, 9 de março de 2014

créditos da foto www.psicologiarg.blogspot.com
Ao Crepusculo

Não...
Depois de te amar eu não posso amar mais ninguém.
De que me importa se as ruas estão cheias de homens esbanjando beleza e promessas ao alcance das mãos;
Se tu já não me queres, é funda e sem remédio a minha solidão.
Era tão fácil ser feliz quando estavas comigo.
Quantas vezes vezes sem motivo nenhum, ouvi teu riso, rindo feliz, como um guizo em tua boca.
E a todo momento, mesmo sem te beijar, eu estava te beijando...
Com as mãos, com os olhos, com o pensamento, numa ansiedade louca.
Nosso olhos, ah meu deus, os nossos olhos...
Eram os meus nos teus e os teus nos meus como olhos que dizem adeus.
Não era adeus no entanto, o que estava vivendo nos meus olhos e nos teus,
Era extase, ternura, infinito langor.
Era uma estranha, uma esquisita misturade ternura com ternura, em um mesmo olhar de amor.
Ainda ontem, cada instante uma nova espera,
Deslumbramento, alegria exuberante e sem limite.
E de repente... de repente eu me sinto como um velho muro.
Cheio de eras, embora a luz do sol num delírio palpite.
Não, depois de te amar assim,
Como um deus, como um louco,
nada me bastará e se tudo tão pouco,
Eu deveria morrer.

- Pablo Neruda

sexta-feira, 7 de março de 2014

Resumo do texto Hegemonia, Capitalismo e Territorialismo apresentado como requisito parcial avaliativo à Disciplina Padrões Monetários Internacionais


Autor: Rogério dos Santos Corrêa
Eixos centrais: Hegemonia, Capitalismo, Territorialismo e Estado

HEGEMONIA, CAPITALISMO E TERRITORIALISMO

Ao transpor o conceito de hegemonia social de Gramsci das relações intra-estatais para as relações inter-estatais – como fazem explicitamente Arrighi (1982),Cox (1983, 1987), Keohane (1984ª), Gill (1986, 1993) e Gill e Law (1988), podemos está simplesmente retraçando, no sentido inverso, o processo mental de Gramsci. Assim fazendo, ficamos diante de dois problemas.

O primeiro concerne ao duplo sentido de “liderança” sobretudo quando aplicada à relação entre Estados. Um Estado dominante exerce uma função hegemônica quando lidera o sistema de Estados numa direção desejada e, com isso, é percebido como buscando um interesse geral. É esse tipo de liderança que torna hegemônico o Estado dominante. Mas o Estado dominante também pode liderar no sentido de atrair os demais para sua própria via de desenvolvimento.

O segundo problema concerne ao fato de que é mais difícil definir um interesse geral no nível do sistema inter-estatal do que no plano dos Estados individualmente considerados. Nesse segundo nível, o aumento do poder do Estado perante outros Estados é um componente importante, e por si só, constitui uma medida de busca exitosa de um interesse geral (isto é, nacional). Mas o poder nesse sentido, não pode aumentar para o sistema de Estados como um todo, por definição. Pode aumentar, é claro, para um grupo particular de nações, à custa de todas as outras, mas a hegemonia do líder desse grupo é, quando muito, “regional” ou de “coalizão”, e não uma verdadeira hegemonia mundial.

As hegemonias mundiais, só podem emergir quando a busca do poder pelos Estados inter-relacionados não é o único objetivo da ação estatal. Na verdade, a busca do poder no sistema inter-estatal é apenas um lado da moeda que define, conjuntamente, a estratégia e a estrutura dos Estados enquanto organizações. Outro lado é a maximização do poder perante os cidadãos. Portanto, um Estado pode tornasse mundialmente hegemônico por estar apto a alegar, com credibilidade, que é a força motriz de uma expansão geral do poder coletivo dos governantes perante os indivíduos. Ou, inversamente pode tornar-se mundialmente hegemônico por ser capaz de afirmar, com credibilidade, que a expansão de seu poder em relação a um ou até a todos os outros Estados é do interesse geral dos cidadãos de todos eles.

O moderno sistema de governo esteve estreitamente associado ao desenvolvimento do capitalismo como sistema de acumulação em escala mundial, como foi frisado na conceituação de Immanuel Wallerstein sobre o moderno sistema mundial como uma economia mundial capitalista. Segundo Wallerstein a ascensão e expansão do moderno sistema inter-estatal foi tanto a principal causa quanto um efeito da interminável acumulação de capital: “o capitalismo pôde florescer precisamente porque a economia mundial teve dentro dos seus limites, não um, mas uma multiplicidade de sistemas políticos” (Wallerstein, 1974a, p. 348). Ao mesmo tempo, a tendência dos grupos capitalistas a mobilizar seus respectivos Estados para favorecer sua posição competitiva na economia mundial reproduziu continuamente a segmentação do domínio político em jurisdições separadas (Wallerstein, 1974b, p. 402).

Segundo Arrighi, o estreito vínculo histórico entre o capitalismo e o moderno sistema inter-estatal é marcado tanto pela contradição quanto pela unidade. E que, devemos levar em conta o fato de que “o capitalismo e os Estados nacionais cresceram juntos, e é de se presumir que tenham dependido um do outro de algum modo, mas os capitalistas e os centros de acumulação de capital, muitas vezes, ofereceram uma resistência deliberada à ampliação do poder do Estado” (Tilly, 1984, p. 140). Arrighi comenta também que, a divisão da economia mundial em jurisdições políticas concorrentes não necessariamente beneficia a acumulação capitalista de capital. Se ela o fará ou não, depende basicamente da forma e da intensidade da concorrência.

Assim, quando a competição inter-estatal assume a forma de intensos e prolongados conflitos armados, os custos dessas competições para as empresas capitalistas podem exceder os custos do governo centralizado que elas teriam de suportar num império mundial. Nessas circunstâncias, ao contrário, a lucratividade dos capitalistas podem muito bem ser minada e acabar sendo destruída por um desvio cada vez maior dos recursos para a iniciativa militar, e/ou por um desmantelamento cada vez maior das redes de produção e troca através das quais as empresas capitalistas se apropriam dos excedentes e os transformam em lucros.

Arrighi argumenta que, a competição inter-estatal e inter-empresarial pode assumir formas diferentes, e a forma que assumem tem consequências importantes para o moderno sistema mundial – enquanto modo de governo, enquanto modo de acumulação – funciona ou deixa de funcionar. Não basta enfatizar a ligação histórica entre a concorrência inter-estatal e a inter-empresarial. Devemos também especificar a forma que ela assume e como se modifica no correr do tempo. Só desse modo podemos apreciar plenamente a natureza evolutiva do sistema mundial moderno e o papel desempenhado por sucessivas hegemonias mundiais na construção e reconstrução do sistema, a fim de solucionar a contradição recorrente entre uma “interminável” acumulação de capital e uma organização relativamente estável do espaço político.

Central para esse entendimento é a definição de “capitalismo” e “territorialismo” como modos opostos de governo ou de lógica de poder. Os governantes territorialistas identificam o poder com a extensão e a densidade populacional de seus domínios, concebendo a riqueza/o capital como um meio ou subproduto da busca de expansão territorial. Os governantes capitalistas, ao contrário, identificam o poder com extensão de seu controle sobre os recursos escassos e consideram as aquisições territoriais um meio e um subproduto da acumulação de capital. Em contraste, capitalismo e territorialismo representam estratégias alternativas de formação do Estado. Na estratégia territorialista, o controle do território e da população é o objetivo da gestão do Estado e da Guerra, enquanto o controle do capital circulante é o meio. Na estratégia capitalista, a relação entre os meios e os fins se inverte: o controle do capital circulante é o objetivo, enquanto o controle do território e da população é o meio. 

A estrutura lógica da ação estatal no que diz respeito a aquisição de territórios e à acumulação de capital não deve ser confundida com os resultados efetivos. Historicamente, as lógicas capitalistas e territorialistas do poder não funcionaram isoladamente uma da outra, mas relacionadas entre si num dado contexto espaço-temporal. Como consequência, os resultados desviaram-se significativamente, ou até diametralmente, do que estava implícito em cada lógica, concebida em termos abstratos.

terça-feira, 4 de março de 2014

- Não! É cedo! É preciso que ele me ame bastante para vencer-me a mim, e não só para se deixar vencer. Eu posso, não o duvido mais, eu posso, no momento em que me aprouver , trazê-lo aqui, a meus pés, suplicante, ébrio de amor, subjugado ao meu aceno. Eu posso obrigá-lo a sacrificar-me tudo, a sua dignidade, os seus brios, os últimos escrúpulos de sua consciência. Mas no outro dia ambos acordaríamos desse terrível pesadelo, eu para desprezá-lo, ele para odiar-me. Então é que nunca mais nos perdoaríamos, eu a ele, o meu amor profanado, ele a mim, o seu caráter abatido. Então é que principiaria a eterna separação. (...)

- Quando ele convencer-me do seu amor e arrancar de meu coração a última raiz desta dúvida atroz, que o dilacera; quando nele encontrar-te a ti, o meu ideal, o soberano de meu amor; quando tu e ele fores um, e que eu não vos possa distinguir nem no meu afeto, nem nas minhas recordações; nesse dia, eu lhe pertenço... Não, que já lhe pertenço agora e sempre, desde que o amei! ... Nesse dia tomará posse de minha alma, e a fará sua! (...)

Trechos de um romance de Luiz Antônio Aguiar
Corações Partidos.